quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Um ano após aparecer como prostituta em cartazes, jovem está sem trabalho e ainda sofre com mensagens


Bruna Brito ainda não conseguiu retomar sua rotina após cartaz
Reprodução/Facebook
 
Foram quatro meses afastada do trabalho. Com depressão após ser vítima de difamação e ver cartazes espalhados pelas ruas do bairro onde trabalhava como analista financeira com sua foto anunciando uma promoção de seus serviços como garota de programa, a vida da estudante Bruna Brito, 24 anos, mudou. Ela parou de estudar e de trabalhar, começou a tomar remédio e fazer acompanhamento psicológico.
Após iniciar o tratamento e melhorar do trauma psicológico, a jovem foi considerada apta a voltar ao trabalho e disse que estava animada para isso — mesmo sabendo que a principal suspeita da polícia era de que o cartaz tinha sido feito por alguém da empresa. No entanto, seu retorno não foi aprovado.
 
— Fui liberada pelo INSS para trabalhar e a empresa não deixou, mas não me mandou embora. Estou desde outubro sem receber. Eu fiquei muito mal porque eu sempre vestia muita a camisa da empresa, sempre gostei de trabalhar lá e fiquei muito abalada quando falaram que eu não ia voltar.
 
Segundo Anderson Tavares Brito dos Santos, advogado da jovem, houve uma divergência entre os médicos envolvidos no caso. O perito do INSS aprovou o retorno ao trabalho, mas o médico da empresa discordou do laudo e disse que ela ainda não tinha condições de retomar as atividades. Com as decisões diferentes, Bruna ficou sem permissão para voltar, mas também não conseguiu continuar afastada. Desde então, ela entrou com um processo contra a empresa e não conseguiu arranjar outro trabalho.
— Na época eu queria até voltar [para o antigo trabalho] porque sempre gostei muito, mas essa postura me machucou muito. Agora quero que me mandem embora. Entrei com processo e estou com uma dívida enorme na faculdade. Tudo o que aconteceu não me causou apenas um dano emocional e social, mas financeiro também, bagunçou toda a minha vida.
 
As mensalidades da faculdade deixaram de ser pagas no início deste ano, segundo ela. Estudante do 4º semestre de fisioterapia, ela espera conseguir algum acordo com a universidade para conseguir continuar na instituição com esse atraso no pagamento.
 
— Vou hoje mesmo conversar na faculdade para ver como podem me ajudar e eles [empresa] não estão nem aí. Não me deixam voltar e não me mandam embora.
 
Além de ter que lidar com o problema financeiro, os telefones e o nome completo da jovem foram divulgados no anúncio, em maio de 2015, e até hoje, mais de um ano depois, ela ainda recebe mensagens. Em abril, por exemplo, um homem mandou o seguinte recado: "Vi seus serviços e gostaria de contratá-los. Os preços continuam os mesmos?". Em maio, outro rapaz questionou a veracidade do cartaz: "Vi seu anuncio. Procede?”.
 
— Fico sem reação, me machuca.
Mas ignora as mensagens. Guarda como possíveis provas de que ainda sofre com isso, mas não responde nenhum contato. A jovem sabe que as imagens dos cartazes ainda circulam e tenta não se abater com a situação.
 
— Até hoje me sinto mal. Eu fico insegura e com medo, com vergonha da pessoa ter visto o cartaz.
 
A jovem continua fazendo acompanhamento psicológico uma vez por mês e ainda convive com a espera e a incerteza. O processo criminal corre em segredo de Justiça e Anderson Tavares Brito dos Santos informou apenas que uma nova suspeita será ouvida em breve. Já o processo contra a empresa continua em andamento — sem acordo na primeira audiência, um novo encontro foi agendado para fevereiro de 2017, o que indica que a situação trabalhista da jovem continuará em suspenso pelo menos até o início do ano que vem. Segundo Bruna, algumas pessoas da empresa prestaram depoimento no ano passado, mas desde o ocorrido ninguém do setor foi demitido. Em nota, a empresa informou que prestou "todo apoio possível" para Bruna que "por iniciativa própria, apresentou o caso à Justiça. Desta forma, nos pronunciaremos dentro do âmbito em que o caso está sendo discutido". Bruna continua na espera.
 
— Minha esperança é que as pessoas sejam desmascaradas logo, que a empresa me mande embora e me pague os atrasados. Está muito difícil, vejo como minha mãe está sofrendo. Não vejo a hora disso tudo acabar e me resolver financeiramente. Não vejo a hora disso acabar.


 
Fonte: http://noticias.r7.com/

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